SEI QUE ALEGRE MA NON TROPPO

Vai que é a minha chance? E o que será de minha vida? Nem sempre gosto começar com uma pergunta, mas sempre ela me vem. Queria ficar apenas olhando a chuva e o céu cinzento de minha cidade e por alguns minutos acreditar que o azul é o infinito. O medo de ser feliz passa pelo caminho do obscuro. Assim realizo meus planos de ser. O que me falta agora são os momentos que não entendi bem na cena anterior. Pra ser sincero, o meu total absoluto é apenas a fraca vontade de viver na corda bamba.

Qual o que?

NÃO TENHO MEDO DO ESCURO, MAS DEIXEM AS LUZES ACESAS

Sensasons, luzes, lumes e vaga-lumes. Tatos e contatos, onde o som me toca e consigo sentir a ausência da luz, o que me remete a contrariar minhas convicções de que sou um vidente. Se o que vejo nem sempre é real, e o que desejo é próximo do que acredito. Vejo sons, ouço cores que nem sei. Parto. Parto do principio que nada sei. Caminho por caminhos tortuosos e nem sempre tão seguros que me conduzem a incertezas que de tão certas me fazem acreditar que o futuro é sempre tão meu e que vejo a realidade daquilo que não sei saber. Fluxo de imagens, sons e cheiros quase inocentes. E metade do que sei já não é mais saber e sim sentir.

Meu mantra agora é simplesmente viver.

Já conheço os passos dessa estrada

Para que se saiba quais são as nossas escolhas é necessário fugir à realidade. Nem sempre nos tornamos aquilo que desejamos, mas podemos sempre tentar buscar um caminho real. A menos que seja um mantra de paz, nossos destinos devem se cruzar e formar um paradoxo entre a verdade e a realidade. Minhas tentativas de dizer aquilo que sono e desejo permanecem apenas no plano da ilusão. Pretendo não fraquejar diante das minhas facilidades, porém o medo é eterno e facilita passagens para o nada que me toca.

O que me toca?

TODOS TÊM SUAS PRÓPRIAS RAZÕES

Qual é a semente que desejamos ter no coração? Praticar a efervescência de viver é um ato de loucura. Mesmo as gaivotas têm um porto aonde chegar, quem sabe assim a vida me mostre o lugar. Tento entender o sol e nada do que vejo me faz ver o sonho azul que desejei. Meus caminhos são caminhos tortos e eu vivo na eterna corda bamba de sonhar. Martelo meus pesadelos entre flores sensoriais e vou praticar a minha Yoga.



Assim quem sabe eu acorde.

NÃO SEI SE EU ESTOU PIRANDO OU SE AS COISAS ESTÃO MELHORANDO

Quem foi que disse que a vida é sempre um mar de rosas? Quando tudo parece estar programado pra ser feliz e vem esta escuridão. Até que nem tão triste assim. O problema é o medo, eterno medo que seduz e não me satisfaz, que faz a realidade brincar de pega pega comigo. Aquilo que me joga pro lado do infinito e nem me questiono mais se é fato que não desejo ser humano. Busco então um meio de fugir pela contra mão. É que as vezes penso que nem sei se eu gosto de mim. Assim o tempo se desloca pra outra realidade fugaz.



Mas... fugir pra onde?

E se as paredes são feitas de giz?

Quantas vidas eu vivi? Quantas pessoas já fui? Quantas paisagens ficaram por passar? E o momento de viver aquele. O saber estar em um lugar e acreditar que estar vivo é um presente, uma dádiva. Hoje acredito que tudo é permitido e, sobretudo possível. Além de me conhecer este é momento em que descubro vários eus em mim. Quem me dera saber que um dia fui eu mesmo. Embora nunca tenha deixado de praticar o meu célebre exercício de sonhar todos os dias.

Mas quem é você?

É tão gostoso ter os pés no chão e ver que o melhor da vida vai começar

Quando não há mais nada a dizer o que devemos fazer? É preciso parar e repensar o futuro. Ou de qualquer maneira a única saída é estar vivo. Assim enxergamos a luz. Onde estará o destino do nosso amor? Quem pode resolver esta questão? O fato é que mesmo sem saber para onde iremos o melhor caminho é sempre aquele que mostra a felicidade, ou seja, a paz interior. A minha paz. Melhor seria se fosse a paz que todos esperam, mas até o mundo compreender que somos todos um vai levar um bom tempo nesta individualização. A melhor forma de dizer adeus é sinceramente cantar.


E eu canto uma canção bonita falando da vida Ré maior.

Muita calma pra pensar e ter tempo pra sonhar

E que seja pra sempre assim. Perto do que sonhamos no fascinante império de ser. Menos que a flexibilidade de produzir o inconsciente o que minha força tenta é acreditar que o azul é maior. Nada do que façamos é inigualável a grandiosidade de viver um emocionante momento perto de quem o mundo é mais azul. Que cada minuto desta vida seja um turbilhão de emoções e por todo este espaço de tempo a vida seja plenamente eterna. Quem decide o meu momento sou eu, sou eu que faço as minhas realizações. Assim, que seja pra todo o sempre.


Mas o que é o eterno?

Corre em meu sangue um veneno, veneno que tem o seu nome...

O céu parece que está abrindo. As nuvens estão se dissipando. O ar está começando a ficar mais claro. É a vida que carece de estar renovando. Assim é o começo de um novo momento, de uma nova era. O que realmente fica claro pra mim é o meu desejo de superar a vontade de criar. Sempre. Tudo que posso dizer é que os meus olhos são faíscas acesas esperando pelo seu olhar. Entre mim e aquilo que sonho há apenas um breve instante de acreditar. Desde que veio morar nos meus olhos trago toda a fortuna do mundo. O que me acende e me revela é um mito simples de se traduzir. Sinto uma febre, sinto um desejo, sinto o ar. Quem pode me dizer a verdade? Quais são as cores deste universo? E o sol fará parte de meu mundo que está se abrindo.


Hoje no céu tem estrelas...

Eu tenho uma porção de coisas pra fazer não posso ficar aqui parado

Em que momento da vida você se encontra? Onde estão os homens? Onde estão pedaços do que eu vivi? Onde poderá ser o nosso momento de dançar? Queria não precisar pensar tanto em todas as coisas que estão por fazer, mas ao mesmo tempo não sei refletir sobre minha passagem por este cosmos. Preciso sair desta vida de migalhas. Eu tenho de cair na realidade e sentir que as mudanças são necessárias. Aquilo que me dá uma certa razão pra existir. Entre todas as canções pretendo fundir a minha realidade e assim encontrar uma certeza.

afinal o que é sonhar?

SE ALGUÉM TOCAR SEU CORPO COMO EU NÃO DIGA NADA

Não, não diga nada, deixa o mundo vir como será. E o que vamos fazer quando o sol nascer? Nem me lembro de quando tudo aconteceu, já não sei se o que houve foi um lapso de memória ou tempo perdido. Não quero esquecer, mas ao mesmo tempo estou vivendo. Quando foi que tudo se partiu? Melhor seria acreditar que a vida é real. Preciso tanto de mim quanto preciso de ar. Não sei quem foi que partiu o meu coração, nem sei o que isso quer dizer, só sei que a inconstância da vida supera os meus sentidos. Meus caminhos já não são iguais, minha inocência está perdida. Acredito que nunca vou esquecer, acredito que nunca será mesma a minha vida.

Mas o que é viver a vida?

Eu só queria te contar que eu fui lá fora e vi dois sóis

E mais um ano que começa. Mais uma meia verdade que se manifesta. O que será o amor? Como posso imaginar que o toque é uma coisa fundamental pra que se concretize a ilusão do estar amando. Todo o começo é involuntário. E minhas reações são sempre instigadas pela reação daquele que me sustenta. Mas qual é a razão de tudo isso? Quantas canções terei de ouvir por um pouco mais de paz? Quero saber quando é que estas questões terão um fim? Meu mundo anda repleto de coisas que não sei bem ao certo, só penso que a poesia não deveria nunca ter fim, assim como minha vida também não deveria nunca ter ser tão estranha.

Mas por quê?